É
bom ser branco
porque é
branco o algodão, tão macio,
porque é
branco o sal, tão brilhante,
porque é
branco o interior do coco, tão saboroso.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma
terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Serafina,
que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É
bom ser amarelo
porque é amarelo o limão
e amarela a banana
mais as cintilantes estrelas.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e
parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador
chamado Leonardo que, como os outros meninos pretos, dizia:
É
bom ser preto
Como o quadro negro
preto como a tinta da china
preto como os cabelos das professoras Diana e Arminda
que são muito nossas amigas.
O menino branco entrou depois num avião,
que só
parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Cachoeira. E o menino
vermelho dizia:
É
bom ser vermelho
da cor do morango
da cor do nariz da rena Rudolfo
e da cor da roupa do Pai Natal.
O menino branco foi correndo mundo até
uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino
chamado Wedad, que dizia:
É
bom ser castanho
como as nozes e as avelãs
as pinhas e a caruma
é tão
bom ser castanho como a Nutela.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É
bom ser branco como o algodão
amarelo como o limão
preto como o quadro negro
vermelho como o nariz da rena Rudolfo
castanho da cor da Nutela
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas
desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de
todas as cores.
Aula
de Cidadania, 02/02/2017